Projeto Infiltrado (Desde abril de 2007)

Será que um Projeto considerado perfeito, acima da Lei e corrupto, já não conta com infiltrações em seu âmago? Ou há um plano de comentar bastidores e posições dos que arquitetam essas manobras, sem filtros e de forma crítica? Pode ser que haja um esquema pronto para infiltrar nesses sindicatos negros e trazer a público o que muitos não sabem por acontecer nesses bastidores. Ao descobrir o significado do Projeto Infiltrado, você pode colaborar para sua própria execução.


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Jeitinho Brasileiro Mata a Juventude

Num país que cultua, até na televisão, ser mais esperto que o outro, ou seja, praticar crimes, atos imorais ou ati-éticos, camuflados pelos termos “malandragem” ou “jeitinho”, fico intrigado quando escuto conhecidos sabidamente adeptos dessas práticas a criticar o Senado da República. Seria porque os excelentíssimos pegos em atos indecorosos se tornam os “malandros que vacilaram”, e a eles todo peso da Justiça? O exemplo pode até ter vindo lá de cima, mas muitos cá em baixo não largam mão mais dessas atitudes.

São os fura-filas de padarias, os não-te-deixo-passar do tráfego urbano, o vizinho que estaciona na sua garagem. Um segmento em particular, entre esses, é o que considero o mais desprezível: o flanelinha, manobrista informal ou guardador de carro. Me enfurece ter de, além de pagar em dia todos os impostos que são de minha obrigação, ter de deixar dinheiro para uma pessoa que me extorque sem que as autoridades façam nada. Minto. Quis dizer, nada para impedir, porque a empresa de trânsito, no caso de Belo Horizonte, a BHTrans (leia-se, a prefeitura), é conivente com a situação e distribui coletes para os “registrados” não sejam confundidos com os outros. Outro dia, um desses biltres intimidava minha esposa assim que ela saiu do carro, antes que eu tivesse saído. Quase brigamos no meio da rua. Considero perniciosa e uma mostra clara da falta de caráter desses oportunistas a covardia que exibem ao se aproveitarem das mulheres e dos idosos.

E a solução parece ainda estar longe. Quando entrevistei os candidatos a prefeito em Belo Horizonte, em 2008, no debate promovido pelo HOJE EM DIA sobre seus planos caso fossem eleitos, nenhum deles tinha sequer uma proposta sobre os flanelinhas. Pelo contrário. Jô Morais (PCdoB), chegou a dizer que era preciso integrar a atividade daqueles “profissionais”. Não é essa a mesma política que tirou camelôs das ruas, os colocou em camelódromos e os explorou até que tivessem de deixar suas bancas para os contrabandistas das máfias chinesa e coreana? Sérgio Miranda (PDT) pelo menos foi mais sincero e admitiu não ter conhecimento sobre a extensão do problema, prometendo se inteirar do assunto. Os demais se ativeram aos discursos retóricos e vazios.

Mas não é só entre os pobrezinhos que não tiveram uma chance na vida e tem de se virar que esse tipo de distorções e malandragens ocorre. Longe disso. Neste último domingo, Dia dos Pais, estava reunido com minha família para o almoço. Iríamos a um restaurante perto da casa deles, lá na Pampulha, o Fiesta Brava. Perguntei para minha mãe se ela fizera reservas, atevendo a grande procura que a data provoca. Ela disse que não, que havia ligado para o restaurante e que fora informada que não eram feitas reservas.

Chegando lá, avistamos duas mesas vazias e nos dirigimos tranquilamente até elas. Um garçom nos abordou e nos levou até uma terceira, dizendo que aquelas estavam reservadas! Foi uma primeira mostra de que por ali não se fazia as coisas com seriedade, mas não queria estragar o momento junto a meu bom pai, mamãe e irmãos. Fomos até a tal outra mesa e... também estava reservada! O fato pegou até o garçom de surpresa. Começamos a reclamar e um senhor de bigodes que disse ser o responsável pelo estabelecimento disse que aqueles espaços estavam reservados, mas que se quiséssemos esperar logo conseguiria outra mesa. Nos sentimos ultrajados pela falta de honestidade, seriedade e de profissionalismo daqueles homens e imediatamente fomos embora, escutando inúmeras promessas e discursos prontos de formas distorcidas de justiça.

Outro dia uma produtora da TV Assembléia me convidou para um programa sobre violência contra adolescentes, pois Governador Valadares seria a segunda cidade do país com os piores índices. Participariam também o professor e ex-subsecretário de Defesa Social, Flávio Sapori, e o mestre em segurança pública e pesquisador do Crisp, Felipe Zilli. Não pude ir por força de muito trabalho sendo fechado ao mesmo tempo. Mas quero deixar minha contribuição. Não é o tráfico nem a falta de polícia nas ruas. É a educação em casa e o mundo que construímos no dia a dia, como se fossemos os senadores corruptos do cotidiano, que moldam as perspectivas e os valores das crianças. A promessa do dinheiro fácil no tráfico é a versão apenas mais extremada do jeitinho para se faturar um trocado a mais com atitudes “malandras”. Não ensine seu filho a ser malandro. Ensine-o a ser um homem ou mulher de bem.

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PROJETO INFILTRADO

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Repórter do jornal Hoje em Dia, o jornalista Mateus Parreiras cobre o dia a dia do estado no caderno Minas (cidades) e produz também reportagens especiais. Formado em 2004 pelo UNI-BH, e desde setembro daquele ano no Hoje em Dia, o jornalista já conquistou o I Prêmio de Jornalismo de Interesse Público 2007 do Sindicato dos Jornalistas de MG, o Prêmio Crea-MG 2006, Volvo 2006 e foi três vezes finalista do Prêmio Embratel, em 2005, 2006 e 2008.

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