Projeto Infiltrado (Desde abril de 2007)

Será que um Projeto considerado perfeito, acima da Lei e corrupto, já não conta com infiltrações em seu âmago? Ou há um plano de comentar bastidores e posições dos que arquitetam essas manobras, sem filtros e de forma crítica? Pode ser que haja um esquema pronto para infiltrar nesses sindicatos negros e trazer a público o que muitos não sabem por acontecer nesses bastidores. Ao descobrir o significado do Projeto Infiltrado, você pode colaborar para sua própria execução.


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Desintegração

Eventos recentes ocorridos poe Belo Horizonte e contados pelos seus agentes de segurança pública mostram um desgaste na alardeada integração exemplar das polícias em Minas Gerais. Cada dia mais ouço reclamações, principalmente dos policiais militares, sobre a ação de seus ditos “colaboradores” na segurança mineira. E olha que o governador Aécio Neves (PSDB) leva a integração como uma das suas principais bandeiras. Que está melhor do que já foi, isso é impossível de negar. Há tempos atrás eles lutavam até entre si, vide a morte do cabo Valério em 1997, que acabou em pizza, ou anistia ou em eleição, já não se sabe bem mais a definição. Mas hoje há ainda muitas rusgas nesse relacionamento.

Na terça-feira mesmo fui fazer uma matéria sobre um policial civil que resistiu à abordagem de militares durante checagem de suposta denúncia anônima sobre tráfico de drogas. Os homens da PM disseram que ele alegou ser policial e que, depois da revista, ia buscar o distintivo no carro. Voltou armado, criando um clima de tensão que acabou resultando no seu cerco e na chegada de 30 viaturas das duas corporações numa ruazinha do subúrbio.

Já na delegacia, o agente de segurança pública da Polícia Civil de Minas Gerais ficou todo nervoso, disparando deboches contra os militares que o detiveram e a imprensa. Começou ameaçando nosso fotógrafo Lucas Prates. Cresceu para cima dele perguntando porque é que tirava fotos do carro dele parado na rua. Para esclarecer, o carro constava na denúncia que desencadeou toda confusão.

Depois de encarar o fotógrafo e este jornalista, o policial começou a fazer chacota: “Ai meu Deus. Além de ter de aguentar esses bostinhas da PM, ainda tenho de suportar esses bostas da imprensa”, disse. Enquanto os quatro policiais militares tentavam fazer a ocorrência, mais e mais policiais civis chegavam na pequena delegacia. Contei uns 16 numa certa altura. Viaturas do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), que geralmente cuida de organizações criminosas perigosas, sequestros. Da delegacia de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) e até da 6ª Distrital de Contagem, nossa cidade vizinha da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Será que não tinha nenhum outro crime acontecendo ou para ser prevenido na cidade não? Naquela mesma hora, que pude anotar, ocorreram um assassinado no bairro Rio Branco, em Venda Nova, uma das regiões mais violentas da cidade, e outro no Bairro Novo das Indústrias, em Contagem, uma das cidades mais violentas.

Toda hora um dos civis xingava ou fazia pouco dos policiais militares, zombando do que relataram nos boletins de ocorrência. Chamaram eles de despreparados. Ora, se o fossem, acho que teriam atirado contra o suposto policial assim que ele sacou uma arma de dentro do carro, não é mesmo? lembro que também fizeram piadinhas sobre minha barba grande. Algo tipo comparando ao terrorista Osama Bin Laden. Pelo que entendi, se fosse passar por uma abordagem deles a coisa seria bem minuciosa. Questão de segurança nacional, não é mesmo? Para que me queixar? Estamos em boas mãos!

Hoje, recebi nova queixa de policiais militares. Me contaram que apreenderam uma menor de 16 anos e um rapaz num carro roubado no Bairro Betânia, Zona Oeste (Mesma Região da confusão anterior!). O rapaz disse que o teria comprado (um tipo vermelho novinho) por módicos R$ 3, 5 mil de um colega. Foram até o colega, numa igreja da região da Floresta e o levaram para a delegacia. O suposto vendedor disse que pertencia à diretoria de um grande Clube de Futebol, mas negou a venda. Pouco depois de advogados e vários carrões, Mercedes Benz, BMWs e até um Jaguar, chegarem à delegacia, o discurso do homem pego com o carro roubado até mudou. Mas não teve problema. Foi só a turma se reunir com a delegada, segundo os militares, que logo as coisas mudaram. A equipe da polícia militar passou a ser hostilizada pelos agentes da Polícia Civil e, pasmem, o flagrante não foi lavrado...

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PROJETO INFILTRADO

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Repórter do jornal Hoje em Dia, o jornalista Mateus Parreiras cobre o dia a dia do estado no caderno Minas (cidades) e produz também reportagens especiais. Formado em 2004 pelo UNI-BH, e desde setembro daquele ano no Hoje em Dia, o jornalista já conquistou o I Prêmio de Jornalismo de Interesse Público 2007 do Sindicato dos Jornalistas de MG, o Prêmio Crea-MG 2006, Volvo 2006 e foi três vezes finalista do Prêmio Embratel, em 2005, 2006 e 2008.

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