Projeto Infiltrado (Desde abril de 2007)

Será que um Projeto considerado perfeito, acima da Lei e corrupto, já não conta com infiltrações em seu âmago? Ou há um plano de comentar bastidores e posições dos que arquitetam essas manobras, sem filtros e de forma crítica? Pode ser que haja um esquema pronto para infiltrar nesses sindicatos negros e trazer a público o que muitos não sabem por acontecer nesses bastidores. Ao descobrir o significado do Projeto Infiltrado, você pode colaborar para sua própria execução.


sexta-feira, 10 de julho de 2009

Lei seca e o abismo da desigualdade

Depois que os endinheirados passaram a "sofrer" com a Lei Seca, o abismo da desigualdade, que existe e é muito claro, inclusive nas relações com forças de segurança pública, deixou de ser alguns centímetros mais profundo. Isso gerou distorções para quem não deglutiu as mudanças. Para eles, rico bêbado, quando transgride a Lei, sofre perseguição. Pobre é vagabundo mesmo.

Exemplo disso vi na quarta-feira última, depois de uma merecida folga no jornal. Estava fazendo matéria no Detran sobre uma senhora que bebeu umas a mais e depois bateu seu Toyota Fielder num poste, bem no Centro de Belo Horizonte. Era mulher elegante, de roupa de noite e ainda maquiada. Dentro da detenção, a pobre mal conseguia se locomover, cambaleante, e falar ao celular ao mesmo tempo. Por vezes encarava a imprensa do outro lado do balcão, com olhos apertados para ver se enxergava melhor e a boca aberta de quem digeria as ideias confusas que chegavam ao cérebro.

Pois bem. Chegou uma amiga dela, dizendo que a mulher era empresária, filha de gente poderosa, que ia nos processar, porque era um absurdo fotografarmos e filmarmos a amiga só porque tomaram umas cervejas. “O que é que tem? Isso não mata ninguém”, disse, depois de admitir que também estava um pouco tonta.

Dupla interessante aquela. A empresária presa dirige por quase 10 quilômetros, de um restaurante chique de Nova Lima até o Centro de Belo Horizonte, e bate às 4 horas num taxista, mas isso não tem nada haver. Em maio, foi a vez de uma promotora de justiça abraçar um poste. Só que essa não soprou o bafômetro. Dizem as más línguas que ela nem soube explicar por quê. Pobres postes. Por enquanto, as maiores vítimas.

Naquele mesmo mês duas médicas com os carros repletos de latinhas de cerveja também tiveram de assoprar a maquininha. Ouvi muita gente dizendo que é perseguição da Polícia. Isso é um sintoma da Lei Seca. Ela trouxe a polícia brasileira, que é um instrumento de controle da massa pobre que sofre com a desigualdade, com um estrato abastado e que não se conforma com o absurdo de terem a carteira caçada por conduzir automóveis embriagados.

Pobre que bebe perde a palavra

Poucos dias antes dessa matéria, fui a Pains para denunciar a destruição da Gruta Jardim do Éden e muitas outras pelas mineradoras de calcário e outros setores do crescimento urbano. Fui até a casa de uma senhora muito simpática que, imaginem, tinha de sair de casa diariamente, de manhã e de tarde, porque as explosões na lavra que fica a uns 100 metros fazia chover pedras de até 50 quilos no quintal dela.

Chegando lá, as pessoas com quem estava disseram que ela gostava de uma pinguinha e que estava ganhando dinheiro da mineradora para não contar sobre sua situação. Não admito suborno ou negócio. Não iria dar cachaça para a entrevista. Ou conta a história ou vive sofrendo. Só que ela me contou tudo numa boa.

Chegando ao jornal, me ligaram da mineração. Era o consultor ambiental. “Soubemos que o senhor esteve com a nossa vizinha”. Confirmei. “Só uma pergunta. Ela estava sóbria?”. Que desaforo começar uma conversa assim, não é? Então, só porque ela é pobre, analfabeta e bebe a palavra dela não vale nada? Disse que ela não aparentava estar alcoolizada, tentando engolir a seco aquelas palavras que sabia muito bem para onde caminhavam.

“Porque temos um documento assinado por ela dizendo que nunca teve qualquer problema de segurança com a mineração”, arrematou o consultor. Não segurei. O depoimento dela era apenas parte de uma matéria muito maior e mais apurada. Logo, devolvi a pergunta para o consultor: Ela estava sóbria?

Um comentário:

calixyaden disse...

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PROJETO INFILTRADO

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Repórter do jornal Hoje em Dia, o jornalista Mateus Parreiras cobre o dia a dia do estado no caderno Minas (cidades) e produz também reportagens especiais. Formado em 2004 pelo UNI-BH, e desde setembro daquele ano no Hoje em Dia, o jornalista já conquistou o I Prêmio de Jornalismo de Interesse Público 2007 do Sindicato dos Jornalistas de MG, o Prêmio Crea-MG 2006, Volvo 2006 e foi três vezes finalista do Prêmio Embratel, em 2005, 2006 e 2008.

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