Projeto Infiltrado (Desde abril de 2007)

Será que um Projeto considerado perfeito, acima da Lei e corrupto, já não conta com infiltrações em seu âmago? Ou há um plano de comentar bastidores e posições dos que arquitetam essas manobras, sem filtros e de forma crítica? Pode ser que haja um esquema pronto para infiltrar nesses sindicatos negros e trazer a público o que muitos não sabem por acontecer nesses bastidores. Ao descobrir o significado do Projeto Infiltrado, você pode colaborar para sua própria execução.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Lambança do caso Aline. A culpa não era do RPG!

A martelada da juíza Lúcia Albuquerque Silva depois que os sete jurados do Tribunal do Juri de Ouro Preto inocentaram os quatro acusados de terem matado a jovem Aline Soares Silveira, em outubro de 2001, serviu para mostrar o mal que uma polícia investigativa precária e uma acusação mal embasada do Ministério Público podem fazer. Lambança total. E olha que digo isso não por causa da absolvição dos quatro. Acompanho o desenrolar do caso sobre a morte da jovem desde que era estagiário do jornal HOJE EM DIA. É um ótimo exemplo de como os crimes aqui no Brasil são mal investigados, as denúncias mal feitas. E olha que foi caso de repercussão.

O crime aconteceu durante a festa do 12, que cada vez mais lembra um carnaval temporão, com orgias de sexo, drogas e muita bebida pelas vielas de pedra sabão e repúblicas apertadas da histórica Ouro Preto. Mataram a garota sobre um dos túmulos da igreja de Nossa Senhora das Mercês. Diz o laudo da perícia que o corpo ficou estirado em forma de crucifixo, com 17 perfurações. Lembro como se fosse ontem. A correria que a notícia provocou na redação. Os policiais afirmavam que a morte fora num ritual satânico (cruzes!). Por causa de um "jogo de RPG", onde a jovem teria "perdido a partida".

Não pude acreditar! Como as autoridades poderiam dizer isso sem um mínimo de pesquisa? O RPG (Role Playing Game) não é um jogo do diabo! É uma base, uma plataforma com regras para um desenrolar teatral de histórias quaisquer onde a participação das pessoas determina o destino dessa história. Não há um fim pronto. Ninguém "perde" no jogo. Não há diretrizes de comportamento nessa prática. E a maioria das vezes as histórias são de atos heróicos, princesas e unicórnios, dragões e lobisomens lutando contra o mal em cruzadas épicas. Penso ser, inclusive, uma bela prática de atributos sociais, éticos e políticos, que envolve raciocínio e perspicácia.

Acho que o que impressionou nossas autoridades despreparadas foram os desenhos de vampiros e monstros dos livros de RPG encontrados na república onde a prima da vítima estava (não no local do crime).

Ainda bem que não foram à minha casa, porque achariam cem vezes mais livros, de quando era adolescente, com gravuras bem piores de todo tipo de ser mitológico em histórias fantásticas.

O pior de tudo é que não ficou na leviandade da polícia. O Ministério público embarcou nessa e montou seu caso em cima disso. Quem sabe se tivessem pesquisado um pouco mais descobrissem que o RPG era insignificante e procurassem aquilo que realmente embasa um caso de homicídio: Motivo. Por que matariam a Aline? Se perder no jogo fosse motivo, cassinos faliriam em Las Vegas. Onde está a arma do crime? Vão me dizer que quatro adolescentes conseguiram ludibriar a Polícia, como a promotora Luíza Helena Fonseca sugeriu? Onde estão as provas? Pelo amor de Deus! Não é possível que não houve uma marca, um rastro do assassino?

É nessas horas que fico pensando o nosso CSI tupiniquim. Fosse no referido seriado, encontrariam pelos por todo lado, marcas de sangue ou de pele do assassino sob as unhas da vítima com DNA suficiente para cães farejadores acharem os culpados.

Não. A culpa foi do RPG. Muito mais fácil. É o jogo do demônio mesmo. Bem , não poderia dar em outra coisa. Os quatro foram absolvidos, depois de terem sofrido barbaridade com a família, na vida profissional, pessoal, espiritual – eram satanistas, não se esqueçam. Danos irreparáveis, acredito.

Enfim, os verdadeiros assassinos de uma jovem de apenas 18 anos estão à solta, incógnitos, provavelmente jogando RPG. A investigação seguiu batendo cabeça e os deixou escapar. Concentraram-se em suposições para levar um caso da maior gravidade a um juri popular. Afinal, a Justiça e a Polícia têm de ser eficientes para defender a sociedade. Não querem que nos desarmemos? Combatam o crime, ora pois.


Advogados do Diabo

A senhora promotora, minha opinião, foi a melhor advogada de defesa que os jovens poderiam ter. Nada que justificasse o dr. Del Corsi, advogado de defesa da prima da vítima, se estranhar com os jornalistas na rua (pública) na porta do Tribunal do Juri, e querer tripudiar sobre o diploma dos jornalistas derrubado no Supremo, como se fosse um Gilmar Mendes sem o cargo, só com a fama – má fama.

O que é isso dr.? Nem parece aquele profissional brilhante que nos intervalos das audiências da Chacina de Unaí vinha até os mesmos repórteres para conversar. Lembra que disse que sua profissão é que era a do RPG, quero dizer, do diabo? Nós, ainda em referência ao filme de Keanu Reeves, aceitamos ser o segundo "ofício" de Lúcifer, na brincadeira. O senhor ainda completou: "Pior são os de branco. Os erros deles ficam sete palmos abaixo da gente".

Nós não estamos ainda matando cachorro a grito por causa do diploma. Mas se promotor continuar a trabalhar assim realmente não vai ser preciso mais ter advogado caro para se safar.

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PROJETO INFILTRADO

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Repórter do jornal Hoje em Dia, o jornalista Mateus Parreiras cobre o dia a dia do estado no caderno Minas (cidades) e produz também reportagens especiais. Formado em 2004 pelo UNI-BH, e desde setembro daquele ano no Hoje em Dia, o jornalista já conquistou o I Prêmio de Jornalismo de Interesse Público 2007 do Sindicato dos Jornalistas de MG, o Prêmio Crea-MG 2006, Volvo 2006 e foi três vezes finalista do Prêmio Embratel, em 2005, 2006 e 2008.

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